Hoje a indústria da moda está em segundo lugar no ranking de maior poluidora do mundo, perdendo apenas para a petrolífera. As roupas que usamos, as que já “saíram da moda”, que não servem mais ou até mesmo nem sequer venderam-se nas lojas, para onde elas vão? Um estudo feito em 2021 Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), aponta que a indústria da moda compõem as mais de 4 milhões de toneladas de resíduos têxteis descartados por ano no Brasil. Além da quantidade de peças descartadas, a preocupação ambiental se estende aos materiais utilizados na produção das roupas, que são, majoritariamente, provenientes de petróleo. Alguns exemplos destes tecidos são os tecidos sintéticos como náilon, acrílico, spandex e poliéster, todos derivados do petróleo, utilizados por serem mais baratos que os naturais. O descarte incorreto destes resíduos têxteis leva a dois caminhos: a incineração a qual traz riscos à saúde de pessoas e animais, além da poluição ambiental, ou ainda o descarte em aterros sanitários o qual traz a contaminação do solo e da água, que é uma forma ilegal de descarte. O deserto do Atacama no Chile sofre a cerca de 15 anos com os descartes têxteis, mas agora o problema tem atingido proporções gigantescas, afetando 300 hectares, algo como 420 campos de futebol. Observando essa problemática, buscamos algumas ideias do que poderia ser feito para sanar este problema tendo como objetivo principal trazer esse material de volta ao uso, tendo em vista que menos de 10?le é reciclado nos dias atuais. Por estarmos envolvidos em ambientes industriais e tendo contato direto com ferramentas de trabalho, pensou-se de imediato de construir cabos de ferramentas como chaves de fenda e martelos, e posteriormente aplicar para outras áreas como móveis. Utilizando uma metodologia experimental, optou-se por criar uma matriz no formato de um cabo de chave de fenda, com auxílio do software solidworks e posteriormente usinando em um centro de usinagem. Após isso adicionamos resina epóxi ao resíduo de tecido triturado, fazendo uma mistura e compactando na matriz. O percentual de tecido utilizado foi de 95?? resina, aplicando um tempo de cura de 24horas. O resultado obtido após a cura total e desmoldagem foi extremamente satisfatório, o preenchimento ficou uniforme e bem acabado, a resistência do cabo após golpeado não apresentou marcas expressivas e ficou com o perfil fiel a matriz. O material obtido também foi submetido ao processo de usinagem, fresagem, furação e rosqueamento, o que denota que o material apresenta algumas propriedades mecânicas que podem ter outras aplicações, seja industrial ou doméstica. Conclui-se então que existe um potencial expressivo na utilização de tecidos como fonte principal de matéria prima para criação de um novo material, sem necessidade de um pré tratamento desse resíduo, apenas a mistura com a resina, sendo então uma alternativa totalmente viável, principalmente pela fácil aplicação na fabricação.