A necessidade da utilização de métodos naturais no cultivo de culturas agrícolas é de extrema importância, tendo em vista o impacto ambiental gerado pelo emprego de fungicidas químicos, que por não possuírem origem natural, são de difícil degradação, permanecendo no meio por tempo indeterminado e gerando efeitos secundários danosos à biodiversidade local (SANTOS, s.d.). Atualmente se faz o uso de fungicidas pertencentes a diversos grupos químicos, orgânicos ou inorgânicos, que apesar de muitas vezes se apresentarem tóxicos para o ser humano e o meio ambiente, são utilizados indiscriminadamente visando apenas o lucro de colheita. Exemplos destes antifúngicos são os pertencentes aos grupos dos benzimidazóis e piridilmetil-benzamidas (que atuam inibindo a mitose e divisão celular), metóxi-carbamatos e sulfamoil triazóis (que atuam inibindo a respiração celular) e hidrocarbonetos aromáticos, que atuam na membrana plasmática fúngica, participando na peroxidação de lipídios presentes, e consequentemente, na degradação da membrana. A parede celular que circunda a membrana é formada por camadas compactas de diversos tipos de polissacarídeos, destes destaca-se principalmente a quitina, que é um polímero natural de longa cadeia de N-acetilglicosamina (um derivado do monômero glicose, contendo nitrogênio). A quitina é o segundo polissacarídeo mais abundante na natureza, após a celulose (GOMES, s.d.).
O presente trabalho valida sua importância neste âmbito, no qual irá isolar, analisar a atuação e posteriormente identificar os microrganismos presentes no solo que são metabolizadores da enzima quitinase atuante na catálise das reações de quebra do polissacarídeo quitina. Desta maneira, seria possível empregar os microrganismos isolados no controle biológico de fungos de podridão e demais pragas da agricultura que possuem quitina em suas fórmulas estruturais, a qual atuaria na degradação da parede celular dos fungos, desacelerando progressivamente sua dissipação. Por serem microrganismos não patogênicos ao homem, ou seja, que não oferecem risco de infecção, sua utilização não apresentaria perigo ao ser humano, sendo assim uma alternativa sustentável e natural aos fungicidas industriais apresentados anteriormente.
Sabe-se que o ataque de fungos às culturas agrícolas causa grande prejuízo econômico de colheita, e como consequência, faz-se o uso de antifúngicos químicos causadores de problemas ambientais. Dessa forma, o problema de pesquisa levantado é: a substituição do fungicida convencional pelo extrato microbiológico contendo quitinase resultará na degradação de fungos patógenos às plantações, atuando deste modo na diminuição de sua dissipação?
Assim, estima-se que os microrganismos isolados apresentam potencial fungicida e grande vantagem ambiental perante o uso de antifúngicos já comercializados no mercado atual, sendo uma alternativa mais sustentável e natural no controle biológico empregado em áreas de cultivo atacadas pelos fungos de podridão.
Portanto, o objetivo do presente trabalho consiste em isolar e analisar a atuação de microrganismos metabolizadores de quitinase no controle biológico de fungos de podridão, a fim de verificar sua efetividade como antagonista ao desenvolvimento fúngico estudado e potencial alternativa aos fungicidas convencionais. Para atingir tal objetivo, executar-se-á de pesquisas experimentais práticas em laboratório, entre as quais estarão: o isolamento de microrganismos decompositores de quitina a partir de amostras do solo por métodos de isolamento bioquímico, posterior realização de cultivo do isolado em um meio contendo substrato de quitina para selecionar os que produzem maior quantidade da enzima objetivada e então produção de cultivo líquido dos microrganismos selecionados; a utilização do líquido obtido para combater o fungo de podridão estudado e, por fim, avaliar o potencial fungicida de degradação de fungos do líquido obtido, através de testes físico-químicos experimentais.
